20090524

Permanece na despedida

Trauteio a música que nos uniu enquanto escrevo... Escrevo sem destinatário, mas sei que estas palavras são para ti; tu que estavas longe demais para te ver, longe demais para te sentir... Acabo sempre na mesma rua, a pensar o mesmo, que fui demasiado brando contigo, deixei-te passar sem te revistar os sentimentos, sem te pedir para me mostrares a bagagem, o que levavas dentro. Fui e continuo a ser alguém que não consegue atingir o objectivo a que se propôs. O intangível que me faz continuar, como o filósofo que busca uma resposta, a resposta. Tu já não tens rosto, és alguém difuso, és várias pessoas que conheci ao longo do tempo: umas ficaram mais tempo, outras desandaram enquanto tinham tempo. Desandaram porque quase nem chegaram a ficar, a permanecer. Tu sim, estacaste à chegada. Foste quando pudeste/quiseste/esmoreci. Ainda andas por estas bandas, mas já não passas esta fronteira. Os controlos continuam, talvez menos apertados, mas o sentimento é o mesmo, melhorado, em fase de apuramento: serás livre.
(o que ela faz aqui fumando? Estará a meditar?)
Tudo o que levas passará, será teu do outro lado da linha que transpuseste. Vai. Não olhes para trás. O Sol ofusca a tua silhueta; vou vendo cada vez menos, és um traço negro que vai desaparecendo, caminhando para lá... ponto... luz, apenas luz agora.

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