20081024

Olhando o espelho (tears roll down...)

...no meio das fotografias, muito mais que apenas imagens, sensações presentes, mesmo agora que sei que 'a vida terminou'...

O que me importa/Marisa Monte/2000

O que me importa seu carinho agora
Se é muito tarde para amar você
O que me importa se você me adora
Se já não há razão para lhe querer

O que me importa ver você sofrer assim
Se quando eu lhe quis você nem mesmo soube dar amor

O que me importa ver você chorando
Se tantas vezes eu chorei também
O que me importa sua voz chamando
Se pra você jamais eu fui alguém

O que me importa essa tristeza em seu olhar
Se o meu olhar tem mais tristezas pra chorar que o seu

O que me importa ver você tão triste
Se triste fui e você nem ligou
O que me importa o seu carinho agora
Se para mim a vida terminou



a palavra escrita contem as imagens...

20081019

you make the moon unnecessary to me



Quando te procurei certo dia em que nada o previa, ali estavas tu, sentada, indefesa, a olhar o vazio, a pesar passados e emoções 

que fazes aqui? 

continuaste a olhar, como se não tivesses ouvido a minha voz, como se as minhas palavras não tivessem ecoado dentro de ti

porque não haveria de estar aqui?

senti um ligeiro arrepio, com a confirmação de que prestavas atenção, que tinhas ouvido, mesmo não estando a ouvir

desculpa não te ter dito nada... não sabia como te contactar

não queria ser encontrada, por isso vim para este lugar

em volta tudo estava calmo, não havia sinal da mais leve brisa a varrer as superfícies lisas que compunham a paisagem

sabia /não sei ao certo se o saberia, mas disse-o / que estavas aqui, este foi o local onde nos encontramos no dia que mudou as nossas vidas

não te procurei, não saberia o que dizer, preferi vir aqui / tinha a leve esperança que a nossa cumplicidade te trouxesse até cá, mesmo não te querendo ver

ficamos parados, tudo nos passou ali, naquele instante, tudo fluiu como o rápido de um rio, suficientemente lento para que pudesse relembrar porque quis procurar.te, porque te quis encontrar

posso juntar-me a ti? / noutras alturas esta pergunta não faria qualquer sentido, seria um dado adquirido, mas a distância tornou.nos quase estranhos, obrigou.me a medir de novo a distância e a tentar reduzi-la

no teu silêncio vi a anuência, no teu olhar, que, de repente brilhou na escuridão, ouvi um 'sim'

sentei.me, encostei.me, cheguei.me mais a ti, senti a tua carne, o teu calor e quis ficar ali muito tempo, mais do que poderíamos querer

Ali ficamos a olhar o horizonte, agora comungando os vazios, partilhando o silêncio, tentando recuperar o tempo perdido, escontados e ligados por muito mais do que o que sentíamos...